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SÉRIE: O FASCINANTE MUNDO DOS CAVALOS PINTADOS
PARTE III - WALKALOOSA HORSE
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O nome sugere a origem da raça, de cruzamentos entre Appaloosa e Tennessee Walker. Como foi comentado na parte 2 desta série do fascinante mundo dos cavalos pintados, os cavalos Appaloosa estavam quase extintos na região original da criação, no estado de Idaho, nos vales das tribos indígenas Nez Perce. Após a fundação da associação responsável pelo início de SRG – Serviço de Registro Genealógico, APHC – Appaloosa Horse Club, foram feitos cruzamentos com as raças Arabe, P.S.I. e Quarto de Milha, principalmente, e alguns poucos com as raças Morgan e Standardbred, como forma de ampliar rapidamente o rebanho que estava em declínio numericamente, e focar a seleção na funcionalidade da lida de gado e provas de western. Porém, o “preço pago” por este estrago zootécnico na composição genética orginal foi alto, pois descaracterizou tanto o biotipo original dos cavalos do rio “Palouse” como tambem o andamento marchado, herança dos primeiros cavalos introduzidos pelos conquistadores espanhóis. Para culminar com a degradação do patrimônio zootécnico original, a associação resolveu não aceitar mais para Registro Genealógico cavalos de andamento marchado, o que causou uma cisão entre os associados. Os adeptos do andamento marchado saíram da associação para fundar em 1983 a Walkaloosa Horse Association. Como restou um numero reduzido de éguas e cavalos de pelagem Appaloosa de andamento marchado, os fundadores da associação decidiram em fazer cruzamentos com algumas raças de andamento marchado, principalmente com a Tennessee Walker, o que foi a razão do nome escolhido para a nova raça - Walkaloosa Horse.
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O Walkaloosa é, portanto, um cavalo marchador com a pelagem Appaloosa. Desde a época da criação pelas tribos Nex Perce o andamento marchado era muito apreciado, denominado de Indian Shuffle pelos Nez Perce.
Indios de outras tribos, fazendeiros de gado (“ranchers” – rancheiros), e também os “cowboys”, os vaqueiros das fazendas, todos apreciavam muito os cavalos pintados no andamento “indian shuffle, por proporcionarem um conforto não sentido no trote, ao longo das longas jornadas diárias de trabalho.
O significado da nomenclatura “Indian Shuffle” é interessante. A palavra “indian, porque eram os cavalos pintados da tribo indígena Nez Perce, e a palavra “shuffle, porque a locomoção é através da dissociação entre os membros. A tradução da palavra “shuffle é misturar, e no jogo de baralho significa embaralhar. Portanto, nada mais sugestivo do que o uso desta palavra para denominar o tipo de andamento – “embaralhado, misturado, desencontrado”.
Os pré-requisitos para o Registro Genealógico são os seguintes:
- apresentar a pelagem Appaloosa;
- demonstrar habilidade natural para a marcha, podendo ser nas modalidades rack, fox trot, running walk, single foot, pace ou outra. A avaliação da marcha deve ser conduzida por um profissional ou o criador poderá enviar video;
- Ser filho (a) de pais registrados na Walkaloosa Horse Association ou que seja comprovado através de testes de DNA a genética Appaloosa e de andamento marchado;
O Padrão Racial estabelece que os cavalos devem demonstrar temperamento calmo, boa disposição e serem educados para amadores montarem, sendo os usos em passeios, cavalgadas de longa distância em estradas e trilhas, lida com gado e outros serviços nas fazendas, apresentações em exposições.
Enfim, foi uma iniciativa de mérito zootécnico, a seleção do “Appaloosa marchador”, um resgate das origens, que valorizou a seleção precursora desenvolvida pela tribo Nez Perce.
*Texto por Lúcio Sérgio de Andrade